Código de conduta de Ip Man (patriarca moderno do Wing Chun Kuen 詠春拳), vamos pensar um pouco sobre o segundo princípio deixado pelo mestre:
Pratique a cortesia e a justiça (retidão). Sirva a comunidade e honre a sua família.
Comecemos pela primeira parte. O artista marcial (ou guerreiro) precisa ser uma pessoa cortês. Em outras palavras: educada, gentil, prestativa, etc. Além disso, o mesmo deve ser um praticante da justiça e da retidão. Ele não deve se alegrar com coisas erradas e injustas. No entanto, para ser justo, faz-se necessário saber o que é a justiça. A figura da ‘balança equilibrada’ ou a afirmação de Cristo: “dai a Cézar o que é de Cézar e a Deus o que é de Deus” resumem bem o que é a justiça e retidão no meu entender. O homem justo é aquele capaz de dar a ‘cada um’ o que lhe é devido, sem fazer partidarismos ou julgamentos parciais. Ele precisa usar a razão para não cometer injustiças contra ninguém. Diretamente ligado a justiça está a ‘retidão’. O homem reto é aquele que segue seu caminho sem se desviar. Se ele aprendeu uma virtude, busca vivê-la sem tropeçar. É óbvio que pela nossa condição humana erramos muitas vezes. Mas aquele que busca viver a justiça, logo reflete em seus erros e retorna para a reta senda.
O artista marcial também não é um ser que vive pensando apenas no seu umbigo. É claro que temos que viver plenamente a nossa individualidade. No entanto, o mundo é feito a partir de um conjunto de indivíduos. Ninguém está sozinho ou totalmente isolado. Desse modo, é importante se enxergar como parte da sociedade e servi-la da melhor forma possível. E como a família é a ‘primeira sociedade’ de um indivíduo, honrá-la vem em primeiro plano nas relações sociais. Já dizia o Cristo: “quem não cuida dos seus é pior do que …” e o raciocínio continua (rsrs)! É necessário cuidar da família. Preservá-la. Honrá-la. E assim servir a sociedade a partir disso e ‘além’ disso.
Um guerreiro é, sobretudo, um bom pai, bom marido, bom filho, bom amigo e bom cidadão.
